terça-feira, 24 de novembro de 2009

A honra concebida




Até já posso ver o sangue escorrendo entre as minhas mãos, no ar o cheiro doce e familiar.
Os grunhidos abafados do ser horripilante exercendo as últimas horas de instinto, "tanta vida pra viver tanta coisa pra falar".Devia ser o que ele estava a pensar,Devia estar a se arrepender pelas tolices.
Agora receio, que seja um pouco tardio para que sejam retificados seu erros,porém,acho que isto não será um problema: o mais imundo dos homens depois de frio,duro,inchado e silencioso automaticamente se torna o mais idôneo dentre eles.
Abaixei-me,olhei no o seu rosto,aquele olhar comum de vítima,pedindo perdão por algo que ele nem fez e se o fez não sabe que fez ou não se lembra , sabe apenas que está sendo punido.
Da posição que estava subi o olhar e pude ver o corpo deitado, olhei-o e percebi ao longo do seu quase cadáver cada uma das quatro feridas abertas ,e que estas já pareciam inchar,a fibrina já se formava.Recordei-me do momento em que as fiz, depois de socos abruptos até ele perder quase todos os sentidos peguei um pedaço de madeira, encostei entre a quinta e a sexta costela direita dele e a bati com uma pedra, como um pedreiro estúpido à quebrar um reboco, ele gemeu alto enchi a mão de barro e coloquei na sua boca , não adiantou muito o líquido vermelho e vão se misturou com o barro e uma parte ele engoliu e a outra escorreu pelo canto da boca, enquanto eu gravava o momento na minha memória para uma prazerosa excitação pós fato...
Um grupo se aproximava outro lado da rua, conversando, descontraído formado por três ou quatro pessoas, eu estava com uma 45 mm e um pente completo.Dava pra alvejar a todos...
Mas,isso teria uma conotação diferente da que eu queria, não queria este tipo de fama, saia do padrão.
Tinha que acabar com aquilo e logo.Agora o grupo se aproximava, peguei a faca enfiei ao redor do pombo de adão do energúmeno e com um movimento circular o trouxe com a alguns tecidos e veias...o sangue jorrou no meu rosto escuro como uma uva ,doce como uma cereja... Levantei-me com a cautela para que só vissem minhas costas e apressei o passo para dobrar a esquina,afinal não fica legal para um moço igual à mim correr como se estivesse com medo, dobrei.O vento no rosto ,o sangue seco e duro no em quase toda a a minha roupa a sensação de supremacia,de auto-suficiência,deixavam aquela noite ainda mais glamorosa.

Um comentário:

  1. legal, gostei é dificil achar gente que escreve poesia assim, a maioria fala de ser feliz de amor. gostei muito dessa vertente funesta.
    abraço amigo.

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