quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Santo sepulcro



Não iria te cobrir de vãs
palavras e de carinhos forçados
                                     [se não te amasse.
Não iria pensar em ti durante todo dia
não escutaria palavras frias
                                      [se não te amasse.
Não te convidaria para fazer
parte da minha vida, não cicatrizaria tuas feridas
                                        [se não te amasse.
Não me declararia,
talvez nem isso escreveria
                                         [se não te amasse.
No adeus antigo, não me
conteria e certamente te beijaria
                                         [se de tanto não te amasse.
E tanto angustiado a te escrever
cheio de amor ao ponto de perceber,
Se nem sei se é certo se tanto amor
Que te falei se iguala ao amor Que te amei.


                                                              Aquiraz,17 julho de 2009

sábado, 5 de dezembro de 2009

O batismo, bem vindo a um mundo tão bonito



A noite cessou, o sol luta para ser visto em meio tantos prédios que quase não se ver o fim. Pessoas já não correm àquela hora, a rua está quase deserta. Exceto por um homem e seus temporários inimigos que vasculham o lixo em busca por comida, antes que o caminhão que passa uma vez por semana levasse toda a sua nojenta refeição embora.
Além da busca por comida outra luta diária era a tentativa de não perder a lucidez, de não ultrapassar a barreira entre a sanidade e a satisfação, a pseudo-realidade, um receio preenchido de vontade, mas,ao menos por enquanto,esse era maior que este.
Receava não ultrapassar essa barreira muito mais por medo do que por esperança, ahhh! A ESPERANÇA, quando ele pensava em tê-la  passava por uma vidro de um prédio,ou por um espelho e via seu reflexo imundo, fétido, o corpo desnutrido, a barba pra fazer há tempos, não se sabia mais a cor de nascença tamanha era a camada de sujeira sobre o corpo,as roupas rasgadas,feridas expostas que abriram a pouco sem que ele soubesse a razão.A dignidade abalada, a honestidade,bom, essa já nem existia.Não! Ele não podia ter esperança era podre demais para um sentimento tão humano.( O que ele não se dava conta é que havia muitos humanos que a cerne de sua essência não valia suas próprias excretas.)
Ao longe ele avistou um grupo de pessoas vindo a sua direção,ao se aproximarem ele conseguiu ver com clareza de quem se tratara.Com roupas longas e um crucifixo preso a um cordão e este preso ao pescoço , eram a personificação da alegria, da fartura, da saciação da fome.
Entrou na fila e chegou a sua vez.Era servida uma sopa em uma quentinha acompanhada de uma colher descartável, a tampa era posta em baixo da quentinha para impedir que as mãos repletas de feridas e cicatrizes se queimassem.
A primeira colher foi posta na boca,ele sentiu algo diferente.Seu estômago retrucou.Ânsia de vômito.ele parou de mastigar, olhou para a comida cheirou e o cheiro também estava diferente.Olhou ao redor e todos faziam como ele era acostumado a fazer (comer estupidamente sentado na calçada).Mas agora o que estava diferente?
Ele pensou e a segunda colher foi posta a boca.Agora ele já não conseguiu conter-se o vômito veio e forte.Ninguém notou,estavam ocupado demais com a suas próprias vidas,enchendo o seu próprio estômago.
No movimento que fez o seu corpo quando vomitava a quentinha caiu ao chão,espalhando toda a sua comida.Ele se agachou colocou tudo de volta na quentinha limpou a boca com a manga do seu blusão que vinha até perto do pulso.Voltou a cheirar ; o cheiro agora parecia melhor...Uma nova tentativa e para o espanto desastroso: A comida agora estava bem melhor, não estava como queria,mas,estava significativamente melhor e como naquelas condições de vida  a vergonha junto com a dignidade não faziam parte do conjunto sensações e virtudes.Agachou-se novamente, espalhou sua comida pela calçada,jogou a colher fora , começou a pegar a comida e levá-la a boca com as suas própria mãos,degustando o gosto acre familiar.
Agora esta é maior que aquela, a barreira fora rompida.Agora ele se sentia(e de fato era) um humano como todos os outros.

sábado, 28 de novembro de 2009

Em ti.... A volúpia!



Estou cansado de procurar pessoas
que se assemelham com contigo,
estou vilipendiado por tanto tentar encontrar os defeitos
 que só tu tens.

És tu quem eu quero,
és contigo que eu
quero saciar todos os
meus instintos de gente.

 É para ti que eu quero dizer
 a última boa noite da noite,
 e o primeiro bom dia do dia
e na madrugada,uma palavra nada fria.

Quero acariciar teu rosto com
as costas dos meus dedos.
Beijar-te no cantinho da orelha.
 Ouvir tuas tolices, tuas Asneiras,
                                                                                                
sentir teu gosto amargo outra vez...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Magnoloquência de um ferido



     No passado, algo não muito glamoroso;
felicidades perdidas, personalidades retorcidas
Irmãos mortos, outros tantos vivos,
mas, todos temporariamente mortos.

    No logo; reconciliação, afeto, afago,
afetação... Com a alusão de
punir  os punidores, deixar
os atores de  prontidão.

   Amargar os amores,ressuscitar  sepultar
os rancores, e não só flertar com dores,
mas também, bombardear com flores
o Injustiçado, o vitimado lesado que só quer atenção.

    Mas, falo-te é um preço alto a pagar,não foi de
desejo mudar.A precisão de tentar perdoar  deve ser
mais eminente do que o quê o outro achar,e de mudar
o que já foi mudado,mas antes na tentativa de melhorar.

      O erro  em evidência. Graças
a eloquência de um gago nervoso
 perdido. Profere-se tudo
mas exatamente tudo não é entendido.

        Chegou o tempo  enfim, levanto-a em direção
à mim...E depois de um zumbido, um falecido
 incompreendido ,arrependido, distingue o destino
do hóspede vão, conciso, inteligente.Mas energúmeno
ignorante, ineloquente  quando o assunto é afeição.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Uma poesia para um amor morto

Eu te machuquei, e agora você
não me dar mais afeição,
eu te implorei e agora você não
me dar mais atenção,
nem ao menos me dirige a palavra
            [para o meu desespero
Mas não fui eu que quis assim?
não, na verdade eu te queria bem aqui perto de mim,
não suporto ver você com outra pessoa isso me fere,corta, magoa
                            [pune...

As pessoas pensam que quer voltar pra mim,
mas eu sei que não é assim,
sei que está feliz, eu vejo em ti
o seu jeito de felicidade
                            [para o meu descaso

Queria te sentir de novo,
queria te acorda com afagos,
sinto falta das tuas tolices,
do seu rosto mimado
                           [lembranças

Sinto falta da tua criação,
sinto falta do teu corpo,
teus cabelos, tuas feições...

Ninguém sabe o quanto é
difícil conter-me diante de ti,
é uma luta imensurável dentro de mim...

Queria que fisesse de novo:
fechasse a porta e me beijasse,
mas você foi embora da minha vida, e cedo de mais...
por minha culpa...

Fui feliz quando estava com você, e
agora você partiu, cedo demais...
agora está com outro rapaz...
sortudo ele, tomara que seja tolo que nem eu
e que você pinte logo os fios cariciáveis de novo e volte já pra mim...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Vício em controle


Agora se quiseres rir,compunhas teus próprios
poemas e compre tuas próprias outras drogas
pois há mim tu não mais comprarás,com
o teu aquisito idôneo.

Esqueça-te de tudo e
não deixa decorrer um só instante
sem que te lembres,que quando
fores embora vai ser mais
intenso o meu amor a te amar.

Não tente entender só me
jures que não irá mais voltar.
Parece ser um equívoco,
mas eu também acredito nessa coisa de lealdade.

Só o fiz por não saber se eras tu de
quem eu precisara em verdade,
e no mais só estou á te falar por não conseguir conter a
famosa forma de formar felicidade.

Esta cresce a mim,como
cresce em mim essas e outras
tantas palavras de insanidade.

Cultivo-as,como um relacionamento
incesto,como um amor punido,sofrendo
alusão de um mestre fúnebre
que vem sem ser convidado
ao teu encontro de carne lúgubre,
e se tiveres sorte em ti despertará
a sensação exata do que é a morte.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A honra concebida




Até já posso ver o sangue escorrendo entre as minhas mãos, no ar o cheiro doce e familiar.
Os grunhidos abafados do ser horripilante exercendo as últimas horas de instinto, "tanta vida pra viver tanta coisa pra falar".Devia ser o que ele estava a pensar,Devia estar a se arrepender pelas tolices.
Agora receio, que seja um pouco tardio para que sejam retificados seu erros,porém,acho que isto não será um problema: o mais imundo dos homens depois de frio,duro,inchado e silencioso automaticamente se torna o mais idôneo dentre eles.
Abaixei-me,olhei no o seu rosto,aquele olhar comum de vítima,pedindo perdão por algo que ele nem fez e se o fez não sabe que fez ou não se lembra , sabe apenas que está sendo punido.
Da posição que estava subi o olhar e pude ver o corpo deitado, olhei-o e percebi ao longo do seu quase cadáver cada uma das quatro feridas abertas ,e que estas já pareciam inchar,a fibrina já se formava.Recordei-me do momento em que as fiz, depois de socos abruptos até ele perder quase todos os sentidos peguei um pedaço de madeira, encostei entre a quinta e a sexta costela direita dele e a bati com uma pedra, como um pedreiro estúpido à quebrar um reboco, ele gemeu alto enchi a mão de barro e coloquei na sua boca , não adiantou muito o líquido vermelho e vão se misturou com o barro e uma parte ele engoliu e a outra escorreu pelo canto da boca, enquanto eu gravava o momento na minha memória para uma prazerosa excitação pós fato...
Um grupo se aproximava outro lado da rua, conversando, descontraído formado por três ou quatro pessoas, eu estava com uma 45 mm e um pente completo.Dava pra alvejar a todos...
Mas,isso teria uma conotação diferente da que eu queria, não queria este tipo de fama, saia do padrão.
Tinha que acabar com aquilo e logo.Agora o grupo se aproximava, peguei a faca enfiei ao redor do pombo de adão do energúmeno e com um movimento circular o trouxe com a alguns tecidos e veias...o sangue jorrou no meu rosto escuro como uma uva ,doce como uma cereja... Levantei-me com a cautela para que só vissem minhas costas e apressei o passo para dobrar a esquina,afinal não fica legal para um moço igual à mim correr como se estivesse com medo, dobrei.O vento no rosto ,o sangue seco e duro no em quase toda a a minha roupa a sensação de supremacia,de auto-suficiência,deixavam aquela noite ainda mais glamorosa.